Eduardo Poulain
Somos um, mas não o mesmo.

Essa é a famosa hora em que você tem que decidir se vai ficar e vê-lo destruir tudo dentro de você, ou pular a janela e ficar dias acordados observando tudo de fora como se aquilo não fosse com você, ou tranca a porta e muda de casa. Eu não sei o que fazer. A vontade de ficar pra ver, não é maior que o medo de me machucar. A curiosidade nem sempre termina em algo legal, ainda mais quando a cabeça tenta loucamente te acordar desse bolha gigante de coraçõezinhos flutuantes e nenhuma realidade. A verdade é que a cada suposta demonstração de afago uma parte de mim pede pra ficar. O caminho parece duvidoso, emboscada. Quando essa ilusão acabar, só restará a mim. E mais uma vez eu não sei se suportarei, afinal, quanto terei que perder e ainda aprender? É pedir demais. Eu já aprendi o suficiente, está na hora de colocar em prática. Talvez eu decida me esconder. Mas cedo ou tarde, encararei sem medo e mostrarei o quanto sou apto a tornar a vida alguém incrivelmente feliz.
Eduardo Poulain
Eduardo Poulain

É como se algo lutasse desesperadamente a me convencer do contrário. Tudo sempre acaba de alguma maneira dando errado, nada é completo. Não consigo juntar o ontem e o hoje. Os meus braços devem estar cheios demais. Quando inclino a busca de algo novo, uma parte do que é meu passa a não ser mais, uma parte cai. Não são as minhas mãos, nem cabeça, pé. Algo externo destrói, maltrata. Não sei se vale à pena lutar, sempre acabo derrotado e triste. Eu gosto de quem me tornei. A vivacidade cruel com que eu tive que aprender que nada é fácil, me fez adquirir uma realidade, talvez seja de alguma maneira única. Sei que posso mudar, mas não sei por onde começar. Talvez o universo conspire pra que eu aprenda algo, tudo não passa um ciclo. Pra ser sincero, preciso de mais sinais. Não sei se estou indo no sentido contrário, isso não é fácil. Sabe aquela famosa luz no fim do túnel? Ela não existe, é apenas uma distração, pra que você não mude de faixa, não volte. Ninguém me deu mapa, e a estrada é de terra. Estou sujo, e as pedrinhas machucam. Alguém me tire daqui.

Eduardo Poulain


Hoje eu não senti tristeza, alegria, saudade, não sorri, nem pena consegui sentir. Hoje eu não existi. Eu não gosto disso, não gosto. O medo de ficar trancado fora, me prende aqui dentro. Eu olho a rua da janela de madeira preta, torturado por olhares livres e sem medo, que acenam como se notassem os meus olhos desbotados e uma pele sem cor. Como pratos grandes e fartos dessa recompensa que é a solidão que me acomete. Merda, isso não é difícil, nem doloroso, nem lamentoso... Indiferente, sem amor, sem culpa...