Eduardo Poulain

Estou chateado, o homem parece criança com lápis de cera, suja! Suja tudo: paredes, roupas, chão... Suja tudo, com crueldade. Eu não quero parecer com qualquer que seja, eu não sou assim. Eu sou criança direita, criança doente, doente de realidade, de coisas bonitas. Eu sofro, mas sofro de coisas boas, se é que existem. Sofro de amor, de amigos, de pai, mãe, sofro de filmes, sofro de livros, sofro com quem precisa, sofro pra depois sorrir. Gosto do silêncio. Quando estou só, me sinto próximo. Já neguei a minha sensibilidade, essa coisa a flor da pele, que me cutuca e diz quando chorar, sempre. Hoje agradeço, o mundo precisa de mais pessoas, patético, a maioria delas não precisam do mundo. Mas patético, é essa falsa esperança que tenho. Confuso!

Eduardo Poulain

Os sentimentos ferem o corpo. Inflama, o interior queima, as extremidades tremem. O desgosto carrega, fica, não deixa. Tudo parecia tão mágico, hoje, não lembro os detalhes. Um ano parece não ter existido. Os dias, horas, lembranças, tudo parece apagado, ou sem importância. Hoje, quem amei parece nunca ter saído de onde está. Nada é atrativo, nada seria repetido. Quem achava sua voz bonitinha, hoje já não te liga mais. O desgosto é implacável. Te rouba, faz esquecer o quanto aquela pessoa significou até ali. Quão triste é, olhar pra trás e ver o que se quereria no futuro. O lamento, já não é opção, não quero cair de novo. Talvez todo o problema foi comigo. As pessoas não apenas decidem que todos os seus dias serão iguais. Por medo do novo, ou pela não procura dele, caem na mesmice, que logo é aceita: corda pela manhã, estufa o peito, finge um sorriso e se convence que é feliz. Não que eu seja assim. Talvez por cobrar que você se tornasse uma pessoa melhor.

Eduardo Poulain

Hoje, o céu tinha nuvens de formas circulares com um provável gosto de começo de vida, elas pareciam sorrir e convidar que provassem a sua deliciosa cor alaranjada, e eu não desejei estar em nenhum outro lugar.