Eduardo Poulain


Decidi desistir, não, desistir não, é uma palavra feia de significado muito forte, e não se aplica ao que eu quero de verdade. Diria descansar, isso, descansar. O escuro não me assusta mais como antes, e as assombrações que outrora me arrancavam pânico, hoje não passam de sombras de um objeto qualquer, o medo se foi. As especulações sobre qualquer coisa me perturbam a um ponto que me pergunto se vale mesmo à pena. Decidi deixar ir de mim essa realidade feita de ilusões. As noites não são mais apreciadas com antes, há outros vícios que me roubam. É, eu cresci! Pena ter perdido parte da inocência e o modo único que uma criança ver as coisas, nesse período, lamento bastante. O instinto de sobrevivência rouba isso. Me dizem que isso é “crescer”, mas não acredito que seja bem assim. As músicas continuam fazendo falta e uma parcela de pessoas se foi. Correr pro sol se tornou hobbie , alguma coisa tem que ficar quente. Não que uma frieza se instale, mas o congelamento de lágrimas não caídas existe e passam a fazer parte dessa realidade feita de ilusões, que a deixo aqui, hoje, agora.

0 Responses

Postar um comentário