Eduardo Poulain

Ele insistia em deslizar o indicador entra as minhas costelas sensíveis e eu, feito criança, me contorcia. Foram muitas vezes, e parando para pensar, imagino que tanto tenha sido proposital, só para que eu o pudesse sentir. É tudo teu, toma!

Eduardo Poulain



Aqui tem sido o lugar onde eu abro as minhas feridas internas, onde esmurro as paredes até sangrar. Frases escritas em puro sangue, rostos desfocados, desenhos sujos. É aqui onde as paredes são minhas, aqui onde todas as feridas estão. Aqui, moram várias pessoas que fui eu. Olhei para todo o meu corpo agora, até entre os dedos dos pés. Eu estou inteiro.

Eduardo Poulain


O dia foi repleto de sono, sonho e o escuro do quarto. Não estava ansioso, é como se já fossemos íntimos e nós nos encontraríamos mais uma vez, pra que um fizesse à noite do outro feliz. Com quem eu queria de lado e as músicas no coração, segui, tranquilo até o encontro. Tudo me era atrativo, meu mundo na mão direita e sorrisos que me cercavam, satisfeitos. As cantigas que seguiam repetidamente por dias, revirando a cabeça, uma a uma, logo seriam cantadas com tamanha satisfação, que dançar não seria suficiente. Algo mais que transcendente seria necessário, e sim, o canto é reza. O canto tomou conta, e eu pedi por pessoas, meu amor, o melhor do mundo, proteção. Pedi que as cores trouxessem felicidade, e a felicidade colorisse. Pedi dança. Pedi paz. Quando se dança, você não desama, você agradece!