Eduardo Poulain

É verdade, eu não consigo escrever das coisas que são maravilhosamente claras, coloridas e bonitinhas. E tudo que eu sempre planejei, me foi dado, agora. E tudo de uma vez, o que foi SENSACIONAL. Ando meio abobalhado.

Eu sempre tive medo de como as coisas ficariam se mudassem, de novos ciclos. Lembro, que quando criança, os ciclos eram bem menos complicados de entender onde começavam e onde terminavam, já que eram baseadas no calendário acadêmico escolar. O início de ano, novos coleguinhas, novos professores, o nervosismo. Eu sempre tive um estranho modo de identificar as sensações. Eu me lembro do cheiro de como era ir à escola, lembro do cheiro da sala, da farda nova, limpinha, no primeiro dia. Lembro do frio na barriga, mas o cheiro, esse sempre fica. Era tudo tão feliz e simples, eu não complicava tanto. Não era necessário tanto esforço pra ser o orgulho. Gostava da sensação de preparação, dos votos de que tudo seria diferente, do dia em que comprávamos todo material - e nossa, como esse dia era feliz - até tenho saudade, desde então, ele nunca mais existiu. No final, só me restava a preocupação com as notas, o medo de decepcionar quem se esforçava por mim, meus pais. Eu sempre fui um bom aluno, apesar de toda a minha vida escolar conturbada. Eu era um belo modelo de toda a frustração de alguém que era guiado, perdido e moldado. Depois disso, tudo era recheado de abraços, aniversário, presentes, fim de ano e mais abraços. Hoje, o começo de ano não significa nada, o fim, muito menos, sem abraços. E o que você é, começa a destruir tudo ao redor, como se a culpa fosse inteiramente sua. Eu sempre fui assim, só não sabia que eu poderia ser assim, nunca me apresentaram o meu eu de verdade. Desculpa, esse sou eu. Hoje os ciclos são iniciados com mais frequências, e vários ao mesmo tempo. Talvez existam ciclos que eu ainda nem percebi, mas sim, uns são bem visíveis e eu me agarro a eles. Crescer é ser você, e assumir com todo o resto.


Eduardo Poulain
Eduardo Poulain

''Hoje, pela segunda vez em toda a minha vida, eu vi uma estrela cadente. E o meu pedido, estava do meu lado.''
Eduardo Poulain
Eduardo Poulain


É difícil dizer o quanto alguém te faz bem, principalmente quando a mesma verá. Durante muito tempo eu tenho ficado o mais nu possível, e sobre toda essa constelação impossível de adjetivar, não seria diferente. Não devo falar em merecimento, escrever não seria/é uma forma de recompensa. É impressionante como o teu nome me soa doce nos lábios.

À noite era quente, o que de alguma forma nos distanciava. O corpo que me instigava a abraçá-lo durante dias, suava. E ele não tentou me acalmar, também queria; leves carícias eram trocadas, convencendo de que logo, seríamos um do outro. Nós estávamos em meio a toda aquela confusão, nós nos divertíamos, era um teste e passamos. Eu te aceito. Sorrimos, sorrimos bastante, tudo parecia meio que cronometrado, desajeitado, movimentos nitidamente tímidos, que nos aproximavam a cada pavor e pudor de novas áreas conhecidas do corpo de ambos, descobrindo lugares nunca antes tocados de forma tão peculiar, arrepios. Eu te sou por inteiro. Eu não queria magia. Joguinhos não me atraem, gosto de clareza, e assim, foi. O que foi mágico. Eu te lembro em meus braços ontem, hoje, o desejo ardente, essa saudade constante. O teu corpo tem o meu número.

É estranha a maneira que eu te tenho aqui. É verdade, eu não procurei qual o significado do teu nome, não aprendi as músicas que tocavam enquanto conversávamos, ao invés disso, eu imaginava como seria o meu corpo embalado pelo teu, se me encaixaria perfeitamente nesses teus braços de um e oitenta e poucos centímetros. As tuas músicas, eu quero ouvir da tua boca. Mesmo assim, nunca duvidei de quantas coisas dividiríamos, eu não precisarei decorar teus livros preferidos, conheceremos livros, cantaremos e aprenderemos novas músicas. Confesso que sentia saudade disso. Desse peito que quieto, passou a palpitar de agonia, talvez seja fruto desse olhar único, esses olhos menos claros do que são, essas mãos grandes, esse sorriso misterioso, essas constantes energias boas, são as tuas trocas de olhares. Sabe, teu perfume é bom. Talvez esse seja teu cheiro, peculiar e delicioso. Eu acredito que tudo que venha de você, seja bom. São as coisas simples, Sofia. As cores amelisticas, o mover em câmera lenta das coisas, o esbarrar na mobília, o sorriso tímido, meu Nino. Eu respiro vagarosamente. É doce, ele tem lábios doces.

Eduardo Poulain



O dia se tornou um ritual de preparação, uma purificação. O céu quase não tinha nuvens. Tudo parecia minimamente cronometrado. Carícias no braço direito, a satisfação à esquerda. Diversas alegrias, contentamentos, de todas as direções. As luzes amarelas a sua frente, roupas claras e luzes azuis ao fundo, criavam um sonho simples, daqueles que acordamos felizes e não lembramos os detalhes, mas sabe do melhor? Eu estava acordado. O sorriso de canto da boca, o olhar mais doce, triste e apetecível que eu já pude presenciar - e eu poderia olhar quantas vezes quisesse - o samba convidativo, o romantismo, meu amor, a sensação era divina. Gracioso, essa é a palavra: G-R-A-C-I-O-S-O.

“Meu canto é só pra dizer. Que tudo isso é por ti.”